22 de outubro de 2025

 A vida é um sopro, uma pausa e uma cura.

É uma mulher preparando outra pessoa.
É mãe que não para,
a idosa que esquece,
a criança que chora.

É vida e é metal,
é dor, é ternura,
é real.

É ver tudo ao mesmo tempo, nada.
É se iludir e se encaixar.
É a falta, o medo, o sem jeito.
É se distrair, se perde e encontrar.

É seu resplendo,
a pausa, o respiro, o abraço,
o riso que insiste,
mesmo no cansaço.

A vida é um sopro,
uma pausa e uma cura.

1 de setembro de 2025

Que adores que eu sinto

fujam,

fujam de minha cabeça,
escapem do meu coração.

Pessoa — basicamente —
são apenas pessoas:

cheias de anseios,
de dores,
de vertigens.

ampliando-se,
dividindo-se,
afundando-se no próprio
individualismo.

e se nada der certo,
grite,
chore,
esperneie —

pois até o desespero
é humano.

16 de agosto de 2025

 Enterrei, no fundo do meu quintal,

as migalhas de um amor sem raiz,
sem pudor, sem sentido.

Enterrei para calar o que insistia em nascer,
mesmo sem nunca ter começado.

A areia era seca,
a terra, morta.
Tentei apagar o que jamais floresceu.

Chorei.
Rolei rio abaixo.
Deixei que minhas lágrimas doces
se misturassem à corrente
e seguissem o rumo que eu não pude seguir.

25 de julho de 2025

Entre manhãs


6h
Pranto.
Na cama,
a solidão voa.
O vento entra —
e com ele,
aquele velho medo
de amar
ao encontrar.

7h
A coragem
não chega.
A procrastinação,
sim.
E eu fico aqui,
na certeza
de que lágrimas
vão rolar.

8h
Me mexo,
estico,
bocejo.
Sento.
Me vejo.
Me abraço.
Me beijo.

Me perdoo —
e sigo:
me vendo,
me vivendo,
me sendo.

VIVA.

Depois das 8h
Cochilo.
Acordo.
Me mexo de novo.
O dia ainda pulsa
e eu, apesar,
ainda danço —
entre manhãs
e vontades de recomeçar.

7 de julho de 2025

I e II

 Sentir, sem querer

Domingo lento, alma vazia,
escrevo assim, em melancolia.
No fundo, Nina Simone…
"Feelings".

No YouTube, um velho vídeo.
E no olhar dela, um abismo contido.
"Feelings" — sentimentos.
Mas… que sentimentos eram aqueles?

Guardava?
Disfarçava?
Se segurava?

E quando o piano vem,
é flor da pele.
É gemido esquecido.
É dor sem nome.

Era amor?
Raiva?
Saudade?
Ou quem sabe…
uma sociedade?

Porque pra uma mulher negra,
retinta como ela,
os sentimentos são maiores.
Mais viscerais.
Mais antigos.
E, por sua vez,
infelizmente…
acostumados.

E a voz de Nina falha,
como se engasgasse na despedida.
O rosto cansado canta “Feelings”,
mas esse sentimento…
ah, esse eu não queria sentir.

Queria ser fria,
feito pedra no meio da rua.
Queria não ter te encontrado,
nem saber do gosto do teu nome.
Queria não ter te conhecido,
quem sabe… nem ter existido.

Porque sentir dói,
e nesse domingo lento,
tudo em mim era silêncio,
menos a saudade —
essa, gritava.

Mas apesar de tudo,
de toda essa vontade de não,
sei que sempre haverá esse sentimento.
Porque é ele —
por mais que machuque —
a base de tudo.

É ele que move,
que marca,
que faz viver.

E quanto mais a gente se aproxima,
mais ele cresce,
mais ele arde.
Porque o sofrimento vem
do quanto a gente sente.
Do quanto se entrega.
Do quanto… é real.

Somos de emoção.
Feitos de sentimento.
Mesmo quando a gente…
só queria esquecer.

E o mais curioso,
é que…
apesar de tudo isso,
de toda dor, de toda memória,

dependendo de tudo…
a gente encontra alguém.
Um outro alguém.
E sente tudo de novo.
De novo.

 Domingo lento, alma vazia,

escrevo em melancolia.
O som que embala o coração
é Nina Simone em canção.

No YouTube, um velho vídeo,
seu olhar vagueia, é um enigma antigo.
"Feelings" soa, palavra sentida...
em português: sentimentos, ferida.

O que será que ela escondia?
Guardava dor? Disfarçava alegria?
Será que lutava pra não se entregar,
pra lágrima alguma no palco rolar?

Quando o solo do piano vem,
parece a flor da pele, um gemido de além.
Esquecido, contido, mas tão verdadeiro...
será que era amor? Raiva? Um desespero?

Ou seria saudade? Ou pura ansiedade?
Quem sabe até... uma sociedade?
Porque pra uma mulher negra e retinta como ela,
os sentimentos não vêm de janela.

São mares profundos, são fogo e são vento,
são grandes demais pra caber num momento.
São aflorados, sim — mas também silenciados,
infelizmente, por tempos acostumados.

Parte II – Sentir, sem querer

E a voz de Nina falha,

como se engasgasse na despedida.
O rosto cansado canta Feelings,
mas esse sentimento…
ah, esse eu não queria sentir.

Queria ser fria,
feito pedra no meio da rua.
Queria não ter te encontrado,
nem saber do gosto do teu nome.
Queria não ter te conhecido,
quem sabe... nem ter existido.

Porque sentir dói,
e nesse domingo lento,
tudo em mim era silêncio
menos a saudade —
essa, gritava.

Mas apesar de tudo,
de toda essa vontade de não,
sei que sempre haverá esse sentimento.
Porque é ele —
por mais que machuque —
a base de tudo.
É ele que move,
que marca,
que faz viver.

23 de maio de 2025

 

A vida é uma constelação de instantes,
um ciclo breve, comprido, medido.
É comer e sonhar,
acordar e calar.

É chorar no meio do riso,
e sorrir no meio da dor.
É correr sem destino,
e andar com amor.

É dizer o que explode,
e silenciar o que pesa.
É brigar por dentro,
e beijar por fora.

É viver.
Parar.
Desocupar.
Perdoar.
Entender.

A vida é esse poema que nunca termina,
mesmo quando parece fim.

21 de maio de 2025

 Hoje, 21/05/2025,

uma quarta de sol luminoso e quente em Fortaleza.

Estou sentada dentro do ônibus,

com o olhar perdido, varrendo a rua pela janela.

Ali a vejo —

uma foto na parede, de uma desaparecida,

me faz pensar na dor contida.


Enquanto ouço Danielle Ponder, voz que invade,

cantando Some of us are brave, com força e verdade.


As pessoas somem no meio da solidão,

Afogam-se em droga, ansiedade, descompaixão.

Sumiço lento, sem explicação,

No meio, no seio da multidão.


Danielle Ponder — nome que ecoa,

na canção que chora, na alma que voa.

Ela canta o sumir e o resistir,

o calar e o insistir.


Sumir não é escolha, é muitas vezes sentença,

de um mundo que exclui, sem dar recompensa.

Mas há quem lute, mesmo sem alarde —

Some of us are brave, mesmo quando tudo é tarde.


No meio, no seio, entre os becos e os gritos,

restam memórias, nomes infinitos,

até fictícios —

nomes inventados pra não esquecer os sumiços.


E na parede, na rua, na voz que me toca,

vejo quem falta — e isso me sufoca.

3 de maio de 2025

 Ainda Moro no Mesmo Endereço

Moro no mesmo endereço.
É só mandar — que eu aceito.
Mesmo que não seja o sujeito,
Mas que venha com algum jeito...
Seja direito — ou quem sabe, o esquerdo.

Moro no mesmo endereço.
É só mandar — que eu aceito.
Mesmo com defeito, eu aceito.
Depois a gente ajeita o defeito,
Com carinho, com efeito.

Moro no mesmo endereço.
É só mandar — que eu aceito.
Eu sei que é...
afeito,
conceito,
contrafeito,
defeito,
desconceito,
desproveito,
direito,
efeito,
eleito,
empreito,
escorreito,
estreito,
feito,
jeito,
leito,
liquefeito,
malfeito,
parapeito,
peito,
perfeito,
preceito,
preconceito,
prefeito,
proveito,
putrefeito,
rarefeito,
satisfeito,
sujeito,
suspeito...

Mas... ainda moro no mesmo endereço.
É só mandar — que eu aceito.

14 de abril de 2025

Seguimos


Me invade o choro
de estar sempre atrás —
mesmo quando sigo em frente,
caminhando, sem saber
onde a vida me traz.

Às vezes, minha voz se perde,
como eco distante,
abafado no ar.
Ninguém ouve. Ninguém responde.
Resta o silêncio —
a me calar, a me cortar.

Sinto que não sou merecedora:
de um olhar, de um gesto, de um carinho.
E a cada passo, me pergunto —
será que um dia,
as recompensas me farão caminho?

Esse conforto que invade o silêncio,
toma minha alma e meu andar,
como sombra fria e suave
que me segue,
sem eu conseguir evitar.

E assim eu sigo —
com gente, junto e só ao mesmo tempo,
de mim, de ti, de nós,
vivendo em rumo —
aos projetos, aos sonhos guardados,
ao futuro que chama
sem nunca parar.

Por favor...
não venha me perguntar:
“Você está bem?”
Minha resposta é só o choro,
que ecoa mais do que qualquer som,
pois minhas lágrimas —

são tudo o que sei mostrar..

26 de março de 2025

Parece o céu


As nuvens, o ar,
Os frutos, o mar.
Às vezes, a vida
É ida e vinda.

O fundo, o além,
O tudo, o ninguém.
O infinito das coisas,
É semente em rosas.

Procura-se


Portas antigas e novas,
Caminhos entrelaçados,
Alguns beijos roubados.

Procura-se
Um teto meio amarrotado,
Metade de uma felicidade,
Uma borboleta,
Um vaso.

Procura-se
A volta,
O achado,
E um perdido.

Procura-se
Pessoas,
Animais,
Humanos.

Procura-se
O amor que aquece,
A vida que floresce,
A esperança que renasce,
Sonhos que o coração tece.

Procura-se!

17 de março de 2025

 Lágrima em lágrima, a dor se refaz,

juntas transformam mil milagres em paz.

Falar é difícil, ser é também,
ninguém me escuta, não vejo ninguém.

Em mim, em ti, o nada a existir,
sigo sozinha, sem alguém para ouvir.

Meus gestos, palavras, um mundo só meu,
sem compreensão, sem um olhar que entendeu.

Vou seguindo sozinha, com meus pensamentos,
que me levam além, por outros momentos.

Outro sentir, outra dimensão,
dimensão só minha, em solidão.

Assim sou eu, com meu pranto a cair,
em sol, em dó, quem sabe em si.

16 de março de 2025

A verdade, meus amores

São dias de tristes verdades,

Longe de piedades.

Amores achados, esbarrados,
Por acasos e inventados,
Em ruas solitárias e claras,
De direitos contrários,
De amores existidos...

Sorria só...
Apenas sorria só!

29 de janeiro de 2025

 Das noites só,

me distancio dos dias que viram...

Nas madrugadas,
me viro e reviro,
meu corpo acamado.

Os dias são suportáveis,
às vezes cinzas,
mesmo sob o Sol quente.

19 de janeiro de 2025

 E ir, para onde for.

Viver, estar, agir, seguir.
Seguir sem ti, sem nós,
apenas seguir.

Seguir de mim, de ti,
de tudo o que ficou.
Apenas ir,
sem destino,
sem retorno,
seguir

SUJEITO DE SORTE

 

Sujeito de sorte sou eu, quem diria,
que exploro, procuro e reinvento a cada dia.
Eu, que sofro, choro e me refaço,
carrego no peito meu próprio compasso.

Sujeito de sorte, entre quedas e ventos,
sou eu quem transforma dor em alentos.
Na trama da vida, eu mesmo me invento,
na força de ser, sou meu sustento.