Hoje, 21/05/2025,
uma quarta de sol luminoso e quente em Fortaleza.
Estou sentada dentro do ônibus,
com o olhar perdido, varrendo a rua pela janela.
Ali a vejo —
uma foto na parede, de uma desaparecida,
me faz pensar na dor contida.
Enquanto ouço Danielle Ponder, voz que invade,
cantando Some of us are brave, com força e verdade.
As pessoas somem no meio da solidão,
Afogam-se em droga, ansiedade, descompaixão.
Sumiço lento, sem explicação,
No meio, no seio da multidão.
Danielle Ponder — nome que ecoa,
na canção que chora, na alma que voa.
Ela canta o sumir e o resistir,
o calar e o insistir.
Sumir não é escolha, é muitas vezes sentença,
de um mundo que exclui, sem dar recompensa.
Mas há quem lute, mesmo sem alarde —
Some of us are brave, mesmo quando tudo é tarde.
No meio, no seio, entre os becos e os gritos,
restam memórias, nomes infinitos,
até fictícios —
nomes inventados pra não esquecer os sumiços.
E na parede, na rua, na voz que me toca,
vejo quem falta — e isso me sufoca.